26.2.07

Da saudosa série "Causos de Família"

mais uma estorinha da minha série "Causos de Família"...coisas que só acontecem aqui em casa.


Os Russos
Meu telefone do quarto toca ao meio-dia, horário da minha soneca rotineira. Estonteada, corro pra atender.
- Pequerrucha!!!!!( Mamãe me chama assim, rs!)
- Oi , Mãe...( sonolenta)
-Teu avô tá aí?
-Não, deu uma saída com Vovó.
-Diga pra ele que que os russos chegaram! Vieram dessa vez com um intérprete, um tal de Alexandre. Diz pro teu avô que eles não trouxeram a quantia que eu pedi e eu não vou vender, viu? Não vou vender!!!!!!!( completamente alterada)


Russos, intérprete, venda. Não entendi e nem perguntei nada a ela... Pensei: agora Mamãe pirou de vez. Não voltei a dormir. Fiquei preocupada, esperando meu avô chegar pra resolvermos o que fazer sobre a sanidade mental da minha mãe.
Mais tarde, quando ele chegou finalmente, me contou que Mamãe iria vender a casa pra uns russos, mas eles queriam comprar a casa por um valor inferior ao que ela pedira.
Ufa!

21.2.07

Amanhã vou acordar mais cedo que de costume e mandar fazer uma camiseta com os dizeres: EU NÃO PRESTO, em garrafais. Criar um uniforme pra minha cara-de-pau, insensibilidade e falta de respeito comigo. Sim , porque eu não presto.
Não confiem em minha aparente gentileza, meus amigos.

Eu não presto porque eu não sou legal com quem deveria e presto menos ainda por ser (ou ter sido) boa com quem não merece (ia).
[!]

15.2.07

E logo na primeira página este achado:

"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar."
Clarice Lispector, em A Paixão Segundo G.H


Obrigada N. pelo livro, pelo café...e desculpe se em contrapartida, retribuí sua gentileza com um bolo... sabe como é, chuva! rs !


ainda estudando a finalidade de se criar um blog, mesmo sem tanto a dizer, sem pretensões de blogueira-comunicadora-formadora de opinião-cult-retardada ou escritora como o Sr. Orelha de Livro (grande personagem e escritor genialmente impublicável da cidade de São Luis, depois falo mais sobre ele)...

talvez porque um blog faça parte de uma trajetória virtual adulta, onde os flogs tornaram-se espaços para os miguxos e suas fotuxas...

talvez porque eu não tenha mesmo o que fazer...

ou talvez porque a idéia da solidão na vida adulta não seja somente uma idéia...e blogs como o meu não recebam mais que 3 comentários!


Um grande beijo e obrigada pelos comentários....

12.2.07

conselho

Eu queria por estes tempos saber o que dizer todas as vezes que alguém trava comigo algum diálogo sobre o amor. Queria saber dar conselhos todas as vezes que minha prima me pede como quem não quer nada. Eu, logo eu, que nada mais sei sobre o amor!
Dar as respostas pr’aquele vazio enorme que ela sente no peito e que chama de saudade. Fundamentar o medo de encontrar , de ouvir falar, de saber da criatura, queria dizer que vai passar...Mas algumas coisas não passam, como dizer isso a ela?Queria não ter que dizer que a melhor resposta é ser feliz, queria ser feliz mesmo.

Então vez ou outra eu solto algum grunhido pra que ela saiba que eu estou presente, ouvindo apenas. Queria dizer coisas bonitinhas, que no final tudo se endireita...bem que eu queria!E que em tempos em que o amor mais se ajeita e vai embora, um dia ele vai chegar pra ficar.

Bom, acho que hoje eu queria mesmo um conselho!

8.2.07

...


pra quem tem dificuldade em formular as respostas, eu as entrego prontinhas....


ÀS PERGUNTAS
diga que não era um nó, era uma laço
feito no contratempo, no acaso
desfeito como adereço
fácil
sem desfecho, sem contexto
sem abraço

diga que não era um nó, era um laço
feito com uma mão só, sem aperto
desfeito sem apreço
sem cansaço

ou melhor,
esqueça o nó
o laço o apreço o cansaço o apego
meu endereço.

7.2.07

covarde!

Dias horrendos de chuva. Como se não bastasse a umidade, venta e forte!E lá está você, com seu guarda-chuva ridículo, palhaço que chega em casa com o corpo todo molhado e os cabelos secos. Acho graça desses que dizem gostar dessa época. São eles os primeiros a entrar em uma loja da Rua Grande pra aguardar a chuva passar,com guarda-chuva ou não.São esses que se escondem da ventania e da água embaixo de toldos e pedacinhos de telhado esperando que o tempo melhore.
Os que enfrentam o temporal,tomam banho de chuva, metem-se embaixo das bicas, estes sim são dignos de admiração, embora eu ache que dias como esses deveriam ser dedicados ao ócio, às lembranças, ao recolhimento.

Nesses dias terríveis deveriam ser decretadas férias pra todos os bons. Estes seriam promovidos a políticos, vagabundos ou ermitãos....boêmios, talvez....minto, boemia e chuva não combinam, na verdade chuva combina com porra nenhuma!

6.2.07

pra uma segunda-feira...

Com esse tempo de chuva que “estraga” (rs) nossa cidade, ninguém sai ileso. De alguma forma o cotidiano é alterado por essas pequenas e mal distribuídas tempestades.
Primeiro foram as goteiras que quase inundaram meu quarto. Eu, quase acampada em meu próprio quarto, dormindo a céu aberto!
Dias depois (hoje) outra conseqüência desses dias de chuva melancólicos e cinzas que eu detesto: a energia elétrica começou a oscilar. O computador é o primeiro que sente essas alterações na corrente elétrica e precavida, resolvi desligar, me desligar e partir pra outra.
Mas enfim...fui assistir carnificina recomendada por tantos: O Albergue ( falando nisso, o que Tarantino tem a ver com esse filme? Hã?!) No meio da estória, acho que em na cena da serra elétrica, falta luz. Meia noite e lá vai cassetada . Escuro total. Solidão absoluta, todos dormem.
Na procura por uma vela, pelo meu isqueiro, qualquer coisa...dei uma topada horrenda com o dedo mindinho na quina da cama. Daquelas que você tem vontade de gritar, dor absurda, xingar , mandar a putaquepariu.
Lembrei imediatamente da minha infância. De quando era pequena e me batia em algum lugar e doía pra burro. Uma tia superprotetora dizia que era culpa da mesa, culpa da cadeira, culpa ...a culpa nunca era minha. Acho que talvez pra que eu não chorasse , ela culpava as coisas, as quinas dos móveis, a sandália escorregadia...
Dou graças porque carrego a vantagem de não me sentir vítima de acontecimentos ,vítima da má fé de alguns,vítima de sacanagem, vítima da gripe, vítima de nada! Mas percebo que o mal do século, a grande sacação da hora é ser vítima. Vítima da criação repressora dos pais, vítima do desamor, vítima da solidão. É vítima pra todo lado. Todo mundo querendo ser a vítima do momento.
Hoje tomo muito cuidado ao falar dos meus problemas. Em geral, confesso-me comigo mesma, me julgo, me analiso, me estranho, me culpo e na maioria das vezes me absolvo dos meus pecados ou, por último,me condeno.Tenho certeza de que não carrego vocação pra vítima, pra coisa pequena ( talvez pra vilã, quem sabe?!). Dei de presente a mim mesma o direito de odiar sem culpas, de sentir mágoa, não me reprimo...mas vítima, sem chance!
E mesmo sabendo que só os fracos sentem-se vítimas, na hora da dor filha da puta eu queria ter dito: maldita quina dessa cama f.d.p!

Resumo da noite: O Albergue é de um mau gosto triste. E o ensaio fotográfico sexy à luz de velas das minhas lanternas vermelhas ficou maravilhoso,rs (foto). Muita bobagem na minha cabeça. Acho que pra uma segunda-feira tá bom.




Obrigada pelos comentários e pelas visitas......

2.2.07

Aula de estética. Kant. Eu, aluna do curso de Artes, intrusa entre tantos filósofos, neo – hippies e pseudo intelectuais. Sentada, caladinha e embora discordasse de algum ponto, ficava na minha, tentava me concentrar na aula, embora às vezes viajasse na estampa da camisa do professor ou nos olhares que ele trocava com um aluno.
Depois de uns 40 minutos de aula entra uma menina na turma ,caderno numa das mãos e uma sacola grande da C&A meio velha, cheia de bugigangas que não consegui identificar. Senta-se ao meu lado. Putaquepariu, barulho de sacola de plástico é um saco (trocadilho ridículo)! Sacola no colo, sacola ao lado, sacola embaixo da carteira, mão na sacola procurando algo e a menina nada de encontrar um lugar pro bagulho...
Finalmente a garota coloca as coisas debaixo da cadeira e esquece.
Lembro de ter olhado pra baixo e pensado que ela nunca usaria sapatos, já que suas unhas dos pés eram enormes e pintadas de vermelho. Nunca entendi como alguém podia cultivar unhas grandes e certa vez fiquei curiosa quanto à higiene íntima da cantora Alcione. Mas aquelas, meu caros, aquelas unhas não eram as unhas das mãos , eram as unhas dos pés!!! Enormes e pintadas de vermelho!!!
Tirei os olhos rapidamente, tentei me recuperar do golpe e voltar pra aula.
Acho que alguém, alguma instituição, alguma ONG, alguém meu Deus, deveria criar uma cartilha sobre boas maneiras universais e sobre como conviver melhor com seu espaço, sua área corpórea. Pois não é que a menina colocou o cotovelo na minha carteira?! Mexi meu braço de modo que ela percebesse que aquilo me incomodava, mas nada. Cutuquei a criatura com meu cotovelo também, mas nada. Daí a menina começou a batucar na minha carteira. Colocou o braço em cima e começou a batucar.
Levantei , fumei uns cigarros e voltei minutos antes do professor fazer a chamada. Antipatia imediata com a menina das unhas grandes.

Pergunto-me quase todos os dias quando comecei a ficar ranzinza e chata. Se a intolerância foi algo que herdei ou se foi a vida que me ensinou entre tantos acontecimentos irritantes, pessoas sem noção e idiotas que encontrei pelo mundo...

De agora em diante este será um espaço para resmungos, observações pertinentes ou não, minhas frases de efeitos e claro, o que eu sei fazer melhor: reclamações.

Sintam-se livres para comentar, criticar ou puxar minha orelha quando eu pegar pesado.

Um abraço

1.2.07