3.12.09

Fazendo a vida

Quando eu era criança, uma tia minha me deu de presente uma coleção de livros incrível. Era algo como "conheça as grandes civilizações", nem me lembro mais, mas aposto que minha avó os guarda até hoje. Bom, além mostrar como os gregos viviam no seu cotidiano, por exemplo, os livros tinham umas ilustrações bacanas dos grandes monumentos no mundo. Lembro de que por um tempo na minha infância não consegui tirar da cabeça a Torre Eiffel e as Pirâmides de Gizé.
Claro que ninguém deu ouvidos se eu mencionei que gostaria de ir ao Egito, sempre fui muito sonhadora e doida. Devem ter achado que aquilo era mais uma das minhas loucuras como quando eu decidi mudar pro Rio de Janeiro e morar só com uns 14 anos. Talvez tenha dito a Vovó e ela tenha respondido apenas hem hem, ou até esquecido.
Acho que guardei pra mim talvez o desejo de viajar, de ver o mundo. Mas quase 30 anos depois, um pontapé na bunda, uma pseudo-infelicidade, me fez ver novamente as ilustrações coloridas dos livros que Pixoquita me deu. Graças a Deus!
Mas não é facil ir embora ou decidir viajar por um tempo prologando, deixando amigos, família, casa, comida e roupa lavada, carro, cachorro, periquito e papagaio. A minha ida pra Irlanda teve caráter provisório. Pensei em 3 anos. Um ano de adaptação. Outro para o exame de proeficiência do Cambridge. E outro pra tentar uma experiência de trabalho relevante. Claro que no meio do caminho alguns planos se modificaram. Não previa encontrar namorado, fazer amigos ou conquistar uma vida confortável aqui também. Não previa que meu inglês melhorasse tanto...
Quando penso na Irlanda e no que tem acontecido nesses últimos 2 anos, acho que tudo tem dado certo porque não saí de casa com sonho de retirante de fazer dinheiro, arrumar marido gringo endinheirado e ficar por aqui pra sempre. Sempre soube de onde eu vim e onde eu queria ir, pelo menos em um curto período de tempo. Não estou fazendo a vida aqui porque tinha vida no Brasil. Família com saúde, vida confortável, amigos afetuosos, alguma bagagem intelectual. Não saí do meu país porque precisasse finaceiramente ou tivesse que emigrar fugindo da fome ou da guerra. Saí porque precisava ver e talvez essa minha olhada dure um pouco mais que o convencional.
Em 2010 irei ao Egito. E você?