27.9.07

breve comentário sobre a partida

Mil vezes por cima de minha cabeça, corpo e coração passaram barulhos de adeus. Mal localizada, sempre morei perto de rodoviária, funerária, aeroporto, correios... Barulho ensurdecedor da partida, recorrente. Braços e gargantas cansadas, cotas de tintas, tinteiros, língua, cinzeiro, papel ou coisa que valha, esgotadas.
Hoje, decido entre mil apelos, e de uma vez por todas outras repetidas.
Hoje, parto eu.

20.9.07

Das cartas que eu queria ter escrito tempos atrás

É só isto que eu estou dizendo. Nem mais nem menos. Não acumulo mágoas, embora elas existam. Elas estão bem aqui no meu silêncio. Mágoa é ir embora e nunca voltar, porque uma parte da gente sempre vai. Às vezes ficam cumprimentos formais ,Olátudobem, um sorriso forçado e você vai embora. Às vezes nem isso fica.
Entenda que o silêncio pode ser uma forma de perdão, mas jamais um pedido de desculpas.
Entenda isso ou apenas me deixe ficar calada. Entenda, ou apenas me deixe passar e ir embora.
Entenda que algumas coisas e pessoas passam, simples, porque não dá pra ficar.
Entenda que o tanque de mágoas já estava cheio de mentiras antes mesmo de eu chegar. E me deixe simplesmente, sem dor alguma agora, ir embora.

Seja feliz.
Tchau.

11.9.07

Fidelidade

Todos os dias dos quais me lembro, acompanhada, mantive encontros furtivos com a solidão. Caso de amor. Solidão simplesmente rimava com todas as palavras que conhecia, desde pequena. Mãe, balcão, viagem, avião, café, cigarro, janelas abertas, portas fechadas, monitor, zíper, teclado, cama, travesseiro, você, sua cara de besta, Hitler, macumba, pateta e até muito. Solidão rima mais com muito e com acaso. Rima com começo e com fim. Com traição, principalmente.
Está em toda parte. Livros, discos, sebos, antiquários, exposições de arte, motel, multidões. E devia ser coisa registrada em cartório. Testamentada. “Deixarei minha solidão para meus amigos.”
Minto muito e como todo egoísta, deixarei nada pra ninguém.

Casei-me de preto com ela, companhia de todos os tempos. Aliança no pescoço e nos pulsos.
Expresso aqui hoje minha fidelidade.
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9.9.07

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O último cigarro anuncia a hora de dormir.

Putaquepariu.

Outras reclamações, mas só amanhã.