6.2.07

pra uma segunda-feira...

Com esse tempo de chuva que “estraga” (rs) nossa cidade, ninguém sai ileso. De alguma forma o cotidiano é alterado por essas pequenas e mal distribuídas tempestades.
Primeiro foram as goteiras que quase inundaram meu quarto. Eu, quase acampada em meu próprio quarto, dormindo a céu aberto!
Dias depois (hoje) outra conseqüência desses dias de chuva melancólicos e cinzas que eu detesto: a energia elétrica começou a oscilar. O computador é o primeiro que sente essas alterações na corrente elétrica e precavida, resolvi desligar, me desligar e partir pra outra.
Mas enfim...fui assistir carnificina recomendada por tantos: O Albergue ( falando nisso, o que Tarantino tem a ver com esse filme? Hã?!) No meio da estória, acho que em na cena da serra elétrica, falta luz. Meia noite e lá vai cassetada . Escuro total. Solidão absoluta, todos dormem.
Na procura por uma vela, pelo meu isqueiro, qualquer coisa...dei uma topada horrenda com o dedo mindinho na quina da cama. Daquelas que você tem vontade de gritar, dor absurda, xingar , mandar a putaquepariu.
Lembrei imediatamente da minha infância. De quando era pequena e me batia em algum lugar e doía pra burro. Uma tia superprotetora dizia que era culpa da mesa, culpa da cadeira, culpa ...a culpa nunca era minha. Acho que talvez pra que eu não chorasse , ela culpava as coisas, as quinas dos móveis, a sandália escorregadia...
Dou graças porque carrego a vantagem de não me sentir vítima de acontecimentos ,vítima da má fé de alguns,vítima de sacanagem, vítima da gripe, vítima de nada! Mas percebo que o mal do século, a grande sacação da hora é ser vítima. Vítima da criação repressora dos pais, vítima do desamor, vítima da solidão. É vítima pra todo lado. Todo mundo querendo ser a vítima do momento.
Hoje tomo muito cuidado ao falar dos meus problemas. Em geral, confesso-me comigo mesma, me julgo, me analiso, me estranho, me culpo e na maioria das vezes me absolvo dos meus pecados ou, por último,me condeno.Tenho certeza de que não carrego vocação pra vítima, pra coisa pequena ( talvez pra vilã, quem sabe?!). Dei de presente a mim mesma o direito de odiar sem culpas, de sentir mágoa, não me reprimo...mas vítima, sem chance!
E mesmo sabendo que só os fracos sentem-se vítimas, na hora da dor filha da puta eu queria ter dito: maldita quina dessa cama f.d.p!

Resumo da noite: O Albergue é de um mau gosto triste. E o ensaio fotográfico sexy à luz de velas das minhas lanternas vermelhas ficou maravilhoso,rs (foto). Muita bobagem na minha cabeça. Acho que pra uma segunda-feira tá bom.




Obrigada pelos comentários e pelas visitas......

2 comentários:

Unknown disse...

minha ranzinza preferida..que falte sempre luz elétrica e que venha a luz da imaginação..para escreveres textos gostosos e fotos deliciosas bem intimistas..rs...
te amo

N.C. disse...

ponto exato, vocação para vítima, eu sempre, de mim mesma. A culpa foi exorcisada, apesar de vez por outra querer dar o ar da sua graça, porém mecanismos de defesa foram altamente testados e aprovados no decorrer desses vinte e tantos anos.
Gostei, viu dona peca! Estarei sempre por essas bandas, bjo.