11.9.07

Fidelidade

Todos os dias dos quais me lembro, acompanhada, mantive encontros furtivos com a solidão. Caso de amor. Solidão simplesmente rimava com todas as palavras que conhecia, desde pequena. Mãe, balcão, viagem, avião, café, cigarro, janelas abertas, portas fechadas, monitor, zíper, teclado, cama, travesseiro, você, sua cara de besta, Hitler, macumba, pateta e até muito. Solidão rima mais com muito e com acaso. Rima com começo e com fim. Com traição, principalmente.
Está em toda parte. Livros, discos, sebos, antiquários, exposições de arte, motel, multidões. E devia ser coisa registrada em cartório. Testamentada. “Deixarei minha solidão para meus amigos.”
Minto muito e como todo egoísta, deixarei nada pra ninguém.

Casei-me de preto com ela, companhia de todos os tempos. Aliança no pescoço e nos pulsos.
Expresso aqui hoje minha fidelidade.
.

3 comentários:

Anônimo disse...

É você. Nua e crua.

Anônimo disse...

Amei, AMEI.
Um texto que todos merecem ler.
Obrigado!

Adriano

Anônimo disse...

Meu pinico de côcô, queria te dizer que tu é a "a lua verde de olho amarelo, que desenhei, aos cinco anos, no meu caderno escolar". Um 'ingênio' solitário é o que és pecuta!! Beijos!!!