13.8.07

m.e.n.t.i.r.a

Em uma cidade pequenina como São Luís não é preciso ser uma celebridade para estar entre os tops de mesa de bar, aliás, famosos têm pouca importância por aqui quando o assunto é a vida alheia. Por exemplo, eu, esta pessoa apagada, sem sal, ranzinza e chata, muitas vezes fui vítima de fofoca e intriga.
Lembro de que uma vez, minha mãe, ainda influenciada por ditos populares tais como “me diga com quem tu andas que te direi quem tu és” ou “andorinha que anda com morcego dorme de cabeça pra baixo”, ouviu de uma amiga muito chegada: “Tua filha anda com companhias muito estranhas.”

Não bastasse o interrogatório, ainda na pureza dos dezenove anos tive que ouvir adjetivos nada agradáveis, fui deserdada, chateada, retornando à categoria dos pedestres, lisos e órfãos. A briga acabou quando apareci com um namoradinho em casa, subi no conceito de minha querida mãezinha, tendo, finalmente, direito a pedidos de desculpas, pazes, almoço especial, todos os apetrechos e acessórios de que uma boa filha pode usufruir. 1 X 0 pra mim.

Uma outra vez tive que ouvir de uma amiga a afirmação de que já tinha ficado com um cara ao qual tinha sido apresentada e tinha visto um par de vezes. Mas eu não tinha ficado, e claro, fiquei enraivecida, putadavida, porque não desejei ao menos ser amiga desse merdinha maldito e pelo fato de que ele mesmo teria espalhado e contado pra minha amiga tal infâmia.
Os anos passaram e minha vida social se reduziu em saídas eventuais uma vez por mês e em idas compulsivas a uma locadora de bairro. Pensei que assim estivesse livre de alguma maneira de confusões, esquizofrênicos, malditos pensadores da vida alheia.. Mentira.

Uma criatura alardeou recentemente que eu a paquerei com insistência, seguindo-a loucamente com meus olhos gigantescos, ávidos e cheios de paixão. Logo eu que não sei paquerar. Depois de ter ficado chateada, de ter pensado em vingança, comecei a rir. Ri muito. 1 X 0 pra ela. Mitômanos sempre ganham qualquer partida através de fabulosa criatividade, geralmente divertem e o mais importante: são inofensivos.

Porém o que deixa preocupada não são os mentirosos compulsivos, doentes.
Os que preocupam são aqueles que olham nos olhos e mentem em benefício próprio, beneficio além do que posso ou poderia compreender. Preocupo-me com aqueles que juram. Destes sim eu tenho medo.

2 comentários:

Jenny disse...

clap clap clap
vc sempre me faz imaginar cenas e delirar de tanta admiração.
Te amo, minha bela ranziza

beeijosss

Anônimo disse...

Tu sabes que me amarras a tela do pc com teus textos!!!
Tão, tão, tão cativantemente verdadeiros...